Preciso agora às 04h51 (de um dia que não amanheceu ou de uma noite que se protelou), escrever, pra tentar entender um pouquinho deste planeta e das coisas que sempre me atravessam.
Me disseram um dia, ainda enquanto adolescente, que haviam razões para sempre acreditar, e com toda a inocência do mundo eu acreditei.
A sequência do novo com o inusitado do profano. Não há certo e errado, há o que é pra mim e o que não é – e aí entra a parte que diz respeito a o que pertence ao outro.
Teatro, tatame, livro, tosse, carro, bar, mel, madrugada (…).
A inquietação de quem observa e absorve. Mas mais que isso: transpõe/envia/doa.
No novo existem muitas palavras para explicar o que só é possível sentir. De nojo à compaixão e de julgamento à atração. Mas, também há a desconexão, a repulsa, o afastamento.
Protelando desejos, fechando a porta do carro e correndo sem perder de vista o que deve ser visto e observado. Sem deixar de se proteger, sem se esquivar e encarar com os ombros e uma jaqueta de couro.
Os tempos são outros. São agressivos, evasivos, mas, não foi o bastante pra tirar de mim aquilo que eu tenho todas as razões (ainda intactas) para acreditar.
Quem não ouve a música, consegue seguir a mazela de achar louco quem dança. E nesse dia, corri para a primeira aula de balé da minha vida. Com 15 dias de vida num país preferido ao dele, o político didático estranhamento brechtiano. O desmaio de outubro e a neve dos olhos piscianos. Quanta coisa pra por em ordem antes de dormir: ou experimentarei dormir com tudo bagunçado. Afinal, num prédio bagunçado, gaveta arrumada não organiza nem a estante.
As pessoas (e eu) são (somos) loucas.
Igor Florim