Parece que as águas submergiram todas as pessoas deste mundo. Como terrenos que eram áridos e que agora se silenciam sob as águas que varreram cidades inteiras que agora estão cobertas por muitas léguas submarinas em um quase vácuo-aquático-existencial. Se espalhando gradualmente conforme escoem sua vivacidade translúcida
Kilos e toneladas de muitos litros
Que escorrem dos meus olhos
Inundando civilizações inteiras
Já não vejo mais nada por perto. A água cobriu tudo. Tentei andar mas eu facilmente me afastava do solo. Quase como voar novamente mas agora estou
Levitando
Nas águas
Percebendo que é a hora de nadar profissionalmente
Mesmo com braços doloridos ou pernas atrofiadas
Adaptável como um velho pássaro numa atmosfera diferente de vida
As águas me engoliram
Então, que o nado seja feito
Até que fui sugado por uma tubulação antiga da cidade e que ficou aqui em baixo da água, exposta, atraindo curiosos pro seu bote mortal
Esse fluxo me levou pra muitos lugares. E em todos eu fui sozinho pela ausência dos irmãos de verdade
Embora ainda penso neles. Não importa onde estão, seguirei como eles também seguem (também sozinhos)
Acho que meu corpo já não existe mais
Todas as formas que trabalhamos por horas dos nossos preciosos dias em treinos corporais
Agora se desmaterializam
Todas as curvas da minha expressão materializada aqui na Terra resolveram se liberar
Meu corpo se soltou, desfazendo-se rapidamente
Liberdade
Não noto muita mudança. Acho que estive sutil demais nos últimos anos
E nessa, o meu corpo se dissolveu sem muitas amarras
Se libertou de tudo
Ainda seguindo vivo
Acho que agora eu sou essas águas todas. Que tomam tudo pra si
Inundações complexas
Fluxos que se esvaem
Com seu peso esmagador
Tive a certeza de que tudo vai fluir
Quando escoei junto as minhas dores
Só sentindo o que eu sou e não tudo o que me agredia de dentro pra fora (por não ser)
Como um corpo em apodrecimento
Água lava
Eu sou as chuvas do próximo temporal
Sou o rio que desce violento em rumo à
E talvez
A lágrima
Com seu próprio poder mágico e ancestral
Gotejando torneiras de antigas tubulações
Apenas fluindo
Nunca mais água parada.
Pois sou justamente essa ressaca toda
Que vem como ondas de uma maré agressiva e forte
Procurando pequenas depressões na areia
Formando novos ambientes aquáticos
Todos submersos por mim.
Igor Florim
Suas poesias são ótimas deveria juntar e colocar no whatpadd!!! no fim sempre estamos submersos a nós mesmos, nossos pensamentos, nossas noias rs.
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submersos em nós mesmos 🌻
desconheço o whatpadd mas vou procurar! obgg
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Desde já agradeço pelo seu comentário! Adoro a maneira livre e poética da sua escrita, também ficarei atento ao trabalho que aqui colocará!
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A melhor е mɑs moderna selecção para controle ⅾе cupins.
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