No distante tempo em que povos isolados se serviam de outras energias terrenas, sentiram a necessidade de uma grande mudança
Talvez um afastamento de velhas práticas ou um reinício de tudo aquilo que os mantiveram vivos por longos milênios de paz
Energia vrill
Luzes verdes que incandesciam a vida ao redor, mesmo nos locais onde o sol quase não se fazia iluminar
Algumas pessoas sumiram nas últimas destas noites
Em que a escuridão se fez uma deusa dominante
E escolheu suas vítimas
Arrastando-os para o breu do luar
Os antigos estão desde então se comunicando com as velhas almas para encontrar respostas porém ainda não saíram da cabana xamãnica
Estão lá há muito tempo
E já que perdemos a capacidade de contar o tempo – a escuridão não deixa, não sabemos dizer quando eles sairão de lá
Restou para nós nos reunirmos ao redor de algo que trouxesse não só a luz mas o aquecimento aos desamparados pelos sumiços dos últimos tempos
Até que os velhos saíram da cabana
Aos gritos e apontando seus cajados incandescentes
Lançaram magias violentas pra cima de alguns de nós, ainda reunidos na fogueira
Dizem serem estes os traidores da aldeia
Massacrados em segundos
Os deuses não perdoam
Estão agora no chão
Todos choram por aqui
No dia seguinte, outros desaparecimentos e o sol ainda obscuro não se fazia presente
Ficamos atônitos
Estão indo em grupo tirar satisfação com os sábios anciões
Eles mataram inocentes
E o grupo apareceu voando para longe
Feridas expostas
Mais mortes
Fugimos deste lugar. Alguns ficaram mas não temos mais nada a perder
Ao ir deixamos para trás tradições de todas as nossas antigas gerações que mantiveram nosso sangue puro e intocável neste afastado lugar do planeta
Dizem que precisaremos parar daqui alguns dias para construir uma navegação que nos tire deste canto do mundo
Nenhum de nós nunca saiu pros oceanos
Só nos certificávamos de longe (e de tempos em tempos) se os amarelos não haviam descoberto essa escuridão mas nunca chegaram perto
Acho que devem viver em paz até hoje nos altos montes de onde surgiram
Lá no meio das terras
Onde o mar cerca distante
Porém o reino aquático dos mares não se expressou com a nossa chegada à praia
Tudo muito estranho
Parece que não estão mais por aqui
Muito tempo já se passou desde o nosso último contato subaquático
Essa escuridão acaba afetando o nosso discernimento do passar do tempo
Fomos nos banhar nas águas e tudo acabou
É a última lembrança que temos
Daqui do alto agora observamos os que não foram arrastados tentando entender que diabos acontecia no mundo
E nos juntamos aos que foram mortos na aldeia
Parece que nessa altura, a aldeia toda já está aqui em cima
Ainda sem respostas
E uma luz aparece agora
Quer nos levar para um reinício em outro planeta
Dizem que este não nos pertence mais e que passará por grandes transformações
O mundo que vivíamos deixou de existir
Não sabemos onde iremos parar mas nos resta seguir em frente
Entramos na luz
Fomos enganados
Prenderam nossas almas
Não consigo lembrar de nada após isso
Talvez o tempo só voltou a contar agora
E desde então estávamos naquela prisão que nunca entendemos bem como fomos parar
A luz nos traiu
Existem coisas inexplicáveis entre o céu e a terra
Um dia o mundo todo há de entender o passado deste lugar
E a reconstrução complexa que os deuses fizeram para que os tempos modernos chegassem
Quase um novo planeta
Perdemos milênios de importantes culturas
Dizem que os futuros homens da terra não poderiam descobri-la
Mas não acreditamos mais em nada do que dizem
Somos os rebelados dos céus
Em desconexão pura com o divino
Tudo isso, sem querer.
Igor Florim
A primeira leitura. Gratidão por compartilhar. A luz cega tanto quando a escuridão. Caminhamos na escuridão, portando a tocha dos Deuses para vislumbrar uma fração do que existe entre uma e outra. Aquele que se arriscam caminhar para escuridão estão tão em perigo e sentem semelhante sentimento de engano e traição que os que caminham somente para Luz. Que usemos lentes magicas, pois a Terra é redonda.
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Redondinha! Valeu João!
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“Somos os rebelados dos céus”… teus escritos me levam para outro lugar… eu, ateia…
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especial saber disso! os céus… obrigado
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gostei do texto, hoje realmente vivemos numa escuridão intelectual, mas isso no mundo inteiro, sinto falta das palavras, da emoção, por isso há que escrever sempre
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sinto falta das palavras! obrigado!
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