Os seres elementais são antigos homens e mulheres ancestrais deste mundo

Habitantes agora, das fortes matas, companheiros do espírito da floresta

Que decidiram nunca mais progredir

Se atrofiando em medos e sentimentos enverrugados

Deixando toda a evolução para trás

Não tiveram força para continuar

Foram se sutilizando tanto, que para nós eles são invisíveis aos olhos

Quase o tempo todo

Mas quando os vi, olhei para dentro dos olhos de um

Eu estava em um ritual xamânico universalista

Seus olhos eram intensos

Completamente negros e fundos

Deu para sentir o mau que ele guardava por pura opção e afinco

Mas também, assim como tudo na vida, eram duais

E o bem que havia dentro deles, era muito puro

Antigo

Quase desconhecido para mim

Como o de uma planta

Ou de um inocente bebê que é cuidado e apenas vive

Eu poderia ter escolhido fugir, agredi-lo, ignora-lo

Tudo para repelir o mau que ele também era

Mas aquele ser, esqueceu o que é o amor

E não esperava isso de mais ninguém

Tudo o que ele esperava era a minha repulsa

Fazendo com que eles fossem embora para sempre

Ele não era amado há tanto tempo que a única coisa que eu fiz foi me aproximar

E abraça-lo

Ele se espantou

Abracei aquela pessoa, que um dia foi um homem muito melhor do que hoje eu sou

Mas essa caminhada para ele acabou

Ele optou por outras sensações, por pura sintonia energética

É o modo como escolheu evoluir

Lentamente

Sua gratidão pelo abraço foi tão grande que ele trouxe outros amigos

Parecia até que eles nunca foram amados

Nem entre si

E ele queria trazer essa sensação para toda a sua alcateia

A matilha das matas

Eu os respeitei

Nem vejo mais o mau que havia dentro dos olhos fundos

Agora noto todo o seu corpo

Eles são diferentes

Possuem traços diferentes

Parece que usam uma máscara, mas é o seu próprio rosto

Contornos alaranjados e uma pele marrom como a madeira

Mas são hominídeos como eu e você

Fortes

Destemidos

Vivendo em um outro plano

Uma espécie que vive nas matas

No coração das florestas

Invisíveis de nós cegos

Ignorados pela nossa falta de sensibilidade

E também por pura sintonia nossa, desrespeitamos e repulsamos o diferente

E por eles se sentirem assim… podres e imundos quando comparados a nós

Absorvem todo o mau que nós despejamos neles por resolvermos não amar o estranho

Eles foram tão gratos pelos abraços que eu dei, que os vi indo embora livres e felizes

Pela primeira vez

Essas almas estão libertas

Eles não me causaram mal algum

Pelo contrário

Me trouxeram uma grande lição

E levaram um pouquinho do amor que eu tenho sobrando

E que preciso libertar

A floresta os abraçou

Eles foram cantando e dançando

Eles eram pura luz

Eu que agradeço vocês, amigos

Sigam em frente!

Como se eles tivessem cumprido uma grande busca

Eu chorei muito de completa alegria por existir e ajuda-los

Sentindo isso pela primeira vez

Meu peito jorrava luminosidade

Não preciso de tudo isso aqui dentro

A ordem do universo é fluir

Ah, e se eu te contasse… você não acreditaria

Os índios foram fortes guerreiros por se sujeitarem às medicinas da natureza

Realmente não é fácil a jornada

Mas… pela minha evolução, eu também decido abafar os meus medos

E abraçar todos os que um dia eu chamei de demônio

Retrocedendo toda a maldição que nós mesmos produzimos aos outros

Nos tornando os verdadeiros demônios desta terra

Tudo por puro medo

Cegos

Ignorantes

Mas os donos da razão

Nos achamos os únicos de todas as estrelas

E há quem vai morrer para ver esse tipo de coisa

Por nunca se permitir enfrentar a escuridão com a sua própria luz

Ou fé

É tão mais fácil nada fazer

Um dia eu vou morrer mesmo

Então… que seja dormindo

Guerreiros falidos

Sem força para se levantar e lutar

A floresta soa como um corpo estranho

E você deixa tudo lá

A profundidade daqueles olhos

O amor que fluiria de dentro de ti

A oportunidade de você ser luz

Tudo isso amedrontado

Eles me falaram que entendem você. E você ainda causa cânceres dentro de ti por odiar um outro ser

Que é tão inocente quanto uma criança

Uma frágil criança

Que resolveu existir sendo uma sutil luz

Por não se adequar a esta sua maldade terrena

Seus olhos se tornaram negros e obscuros para mim

Você me agride pedindo um abraço

Não quero você por perto

Se sou luz, abraçarei somente a luz

Seu ser impuro e maligno!

Saia de perto de mim!

Fuja daqui com seus ritos demoníacos

Não quero nada disso

Entenda que eu sou de Deus

E não do demônio igual a ti

Nunca olharei para você

Jamais te darei um abraço

Tudo isso porque eu, homem… ser humano… estou acima de tudo e todos

Brasil acima de tudo

Deus acima de todos

Tu fechou os seus olhos

E um dia abrirá pedindo por um abraço que tu nunca ofereceu

Pois como você pode notar

Falta o amor dentro de ti

Exatamente como faltava nos meus amigos da floresta

Os seres elementais mais lindos do mundo

Obrigado por tudo

O dia raiou… eles finalmente sumiram na mata

E eu só agradecia pela visita daquele amigos

Eles deixaram muito mais luz do que vieram humildemente buscar

Eles não esperavam nada de mim

Aquilo foi lindo demais

Aprendemos muito.

Igor Florim